Documentário: The True Cost
Esse é o tipo de post que eu odeio ler em outros blogs, confesso. Mas, deixa eu me justificar antes que você continue rolando pro próximo post: esse é importante porque é algo muito presente na minha vida, na vida das pessoas ao meu redor e, com certeza, na sua também.
Ainda não sacou do que eu tô falando? O documentário The True Cost (ou O Verdadeiro Custo) traz uma reflexão sobre os impactos que o consumo exagerado tem trazido pro meio ambiente e pra milhares de pessoas ao redor do globo. Você já pensou qual é o verdadeiro custo de comprar uma camiseta por $5? São quase duas horas de filme dirigidas pelo incrível Andrew Morgan, que consegue te deixar sem palavras, mas querendo falar muito ao mesmo tempo.
Te aviso desde já que esse post tem spoiler - vários. Mas, caso sua vida seja muito corrida e você não tenha tempo de assistir o longa no Netflix ou em qualquer outro canto da internet, te convido a ler só por mais 5 minutinhos.
Se você ainda não reparou, a cada estação as grandes marcas tentam nos impor a ideia de que a moda foi reinventada. O conceito de fast fashion, nada mais é do que algo do tipo "rasgue tudo o que você comprou até hoje, as peças dessa nova coleção vão mudar a sua vida". Basta visitar a Forever 21 uma vez por semana pra perceber o quão presente isso é no nosso cotidiano: todo dia tem roupa nova. Às vezes é um detalhe no cropped, uma estampa mais colorida em uma t-shirt... Mas, no fundo, a moda e as tendências são as mesma da última estação. E têm sido as mesmas por anos.
Em 2013, o prédio Rana Plaza, em Bangladesh, desabou, deixando 200 pessoas mortas, e mais de 1.000 feridas. Apesar dos avisos do governo, o prédio onde mais de 4 mil pessoas trabalhavam e situações precárias não foi interditado.
Hoje em dia, nos EUA, são fabricadas apenas 3% das roupas comercializadas no país - os outros 97% são terceirizados para países em subdesenvolvimento ao redor do mundo. Porque lá a mão de obra é mais barata, porque lá as leis trabalhistas são falhas e porque lá o governo não tá nem aí. Em países como China, Bangladesh e Camboja, milhares de pessoas (em sua grande maioria mulheres) sofrem com condições péssimas de trabalho, chegando a ganhar MENOS DE 2 DÓLARES AO DIA.
E o estrago não para por aí: áreas de produção de algodão no mundo todo também tem tirado a vida das pessoas, e eu não me refiro somente às péssimas condições de trabalho, mas também ao número de químicas e agrotóxicos que são utilizados para que o algodão cresça em maior quantidade e velocidade, comprometendo a saúde da população em sua volta. Cerca de 70 a 80 crianças, de cada povoado vizinho dessas plantações, sofrem com os efeitos da exposição a esse tipo fortíssimo de química, apresentando doenças como câncer, defeitos congênitos e até doenças mentais. Quanto mais fundo chegam as pesquisas, mais notável é o quanto as grandes marcas e empresas não tão nem aí pra nada e só querem lucrar e lucrar (salve o capitalismo! amém!).
Hoje, a indústria da moda é a segunda maior fonte de poluição do mundo, perdendo somente para a indústria do petróleo.
Fast Fashion não é de graça. Alguém, em algum lugar, está pagando.
O que podemos fazer? Assim que os consumidores do mundo inteiro pararem de comprar e financiar esse tipo de comércio, as grandes marcas vão falir ou vão ter que procurar uma alternativa. Valorize o comércio do seu país e procure consumir de forma consciente.
Em menos de 40 minutos de documentário, eu já tinha chorado umas três vezes. É triste porque a vida dessas pessoas são extremamente precárias, é triste porque é uma indústria gigantesca e é triste porque eu contribuo pra que esse ciclo não termine nunca.
Tem tanta coisa pra falar (e desabafar), que eu poderia passar o dia inteiro. Então, fica aqui o meu pedido: dedique um tempinho do seu final de semana pra assistir ao The True Cost. Senão, ao menos procure pensar um pouquinho na forma como você tem visto e financiado a moda atualmente. Você realmente sabe o preço por trás disso tudo?